REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411222206
Haroldo A. Pereira Júnior1
Kleyton R. Ferreira2
Maicon D. B. de Moura2
Resumo: O controle biológico tem sido uma alternativa vantajosa quando comparado ao uso de pesticidas químicos que são caros, apresentam alta toxicidade e deixam de resíduos tóxicos no ambiente. A ocorrência de cigarrinhas em pastagens, principalmente dos gêneros, Mahanarva e Deois, tem causado prejuízos aos pequenos produtores da região de Juína-MT. Devido ao dano causado pelas cigarrinhana pastagem, a alimentação do rebanho fica comprometida. Uma linhagem de Metarhizium anisopliae foi utilizada para a produção de conídios suficiente para serem utilizados na produção do bioinseticida, que foi aplicado no pasto para o controle da população de cigarrinhas. O controle biológico foi iniciado nas áreas com mais do que 5 espumas por m² e dois adultos a cada duas passadas de puçá.Os resultados do controle em 3 áreas de aproximadamente 0,5 hectares cada, cultivadas com capim-açu foram promissores na eficiência, abaixando o índice de infestação que, inicialmente era em média de 33 cigarrinhas/m² para 4 cigarrinhas/m². E a área tratada não sofreu impacto ecológico, na qual vários insetos e outros organismos foram encontrados. O M. anisopliae se mostrou eficiente e viável no controle de cigarrinhas-das-pastagens.
Palavras-chave: Controle biológico. Bioinseticida. Conídios. Sustentabilidade.
1 Introdução
O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo com aproximadamente 220 milhões de animais, sendo também o maior exportador de carne, um mercado que movimenta bilhões de reais (ABIEC, 2020). Desta maneira, produtos e processos que venham trazer ganhos na produção de carne pode ter impacto positivo na economia do país.
Algumas espécies de gramíneas são consideradas resistentes às principais espécies de cigarrinhas-das-pastagens, enquanto outras de maior produtividade, têm se mostrado vulneráveis a Mahanarva posticata, M. fimbriolata e Deois flavopicta como é o caso do Andropogon minarum (GRISOTO, 2014).
Conhecido popularmente como capim-açu (A. minarum), uma Poaceae de alta produtividade, quando cultivada em um sistema de irrigação chega a produzir 200 toneladas por ha/ano, sendo possivelmente a gramínea de maior potencial de produção de matéria verde por hectare.
As cigarrinhas, das espécies M. fimbriolata, M. posticata e D. flavopicta, têm sido um fator limitante para a boa produtividade dos cultivares de capim-açu. As ninfas sugam a seiva das plantas continuamente até a fase adulta. Duran te este processo, grande parte das reservas energéticas destinadas ao crescimento da planta é consumida (NAVES, 1980).
O fungo Metarhizium anisopliae, tem sido utilizado com sucesso no controle biológico das cigarrinhas dos gêneros Mahanarva e Deois nas plantações de cana-de-açúcar em estados do Nordeste e Sudeste brasileiro(ALVES, 1998).
As propriedades de agricultura familiar do município de Juína, são propriedades simples que produzem uma grande variedade de produtos, inclusive os que desenvolvem atividades voltadas a pecuária (LEMES; BRESCIANI, 2010).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do fungo M. anisopliae em pastagens de capim-açu infestados pelas cigarrinhas.
2 Material e Métodos
O ensaio do controle biológico foi realizado de outubro a novembro de 2020, em uma propriedade particular, localizada na zona rural do município de Juína-MT, apresenta altitude de 442 metros, latitude 11°22′ 40” S e longitude 58° 44′ 27” O.
Para a produzir o bioinseticida, foram utilizados sacos de esterilização em autoclave, com 500g de arroz integral, umedecido com 200 ml de água deionizada e 4g de extrato de levedura esterilizados por 20 minutos à 120 ºC.
Antes da aplicação do bio inseticida foram realizadas cinco amostragens em cada uma das três áreas de cultivo, onde a cada 10 metros de norte a sul, e 10 metros de leste a oeste era realizada a contagem do número de ninfas presentes nas raízes das touceiras de capim-açu em 1 m².
Os conídeos de M. anisopliae produzidos, foram diluídos em água não clorada em uma proporção de 250g/ha. A aplicação foi realizada com pulverizador costa. O bioinseticida foi aplicado em duas zonas distintas, na mesma propriedade, enquanto uma terceira área foi utilizada como testemunha.
3 Resultados e Discussões
Antes da aplicação do bi inseticida foram realizadas as amostragens das áreas cultivadas, os resultados (Tabela 1) demonstraram que a densidade da população havia atingido o nível de dano econômico, sendo que a média de ninfas e adultos das três áreas somadas foi de 33 indivíduos/m², conforme observado abaixo.
Tabela 1 – Amostragens do número de cigarrinhas encontradas nas áreas de cultivo antes da aplicação do bioinseticida.
Quinze dias após a aplicação do bioinseticida, pôde-se observar uma redução média de 89,53% na quantidade de ninfas e 78,38% de redução na incidência de indivíduos adultos na primeira área (Tabela 2). Enquanto na segunda área, as ninfas tiveram uma redução de 82,50% e o índice do número de adultos diminuiu em 73,69%.
Tabela 2 – Dados das amostragens quinze dias após a aplicação do bio inseticida.
Na área 3 ocorreram reduções médias de 91% do número de ninfas e 69% do número médio de adultos, possivelmente devido dispersão de conídeos pelos ventos e a migração de adultos infectados pra área controle, as quais fazem parte da mesma propriedade.
4 Conclusão
A eficiência do bioinseticida foi comprovada com a redução das populações de cigarrinhas, o fungo mostrou-se incisivo tanto no controle das ninfas quanto adultos. A pureza da linhagem de M. anisopliae e sua boa distribuição, associadas as condições ambientais podem ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso do controle biológico. Esperamos contribuir com o controle sustentável das cigarrinhas das pastagens.
Agradecimentos
Apoio Financeiro: PROEX e Prefeitura Municipal de Juína.
Referências Bibliográficas
ABIEC. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne.
Exportômetro da carne bovina brasileira. Disponível em: <http://abiec.com.br/>. Acesso em: 25 out. 2020.
ALVES, S. B.; LOPES, J. R. S.; ALVES, L. F. A.; MOINO JÚNIOR, A. Controle microbiano de artrópodos associados a doenças de plantas. In: MELO, I. S.; AZEVEDO, J. L. Controle Biológico. Jaguariúna: EMBRAPA, 1998, v. 1, p. 143170.
GRISOTO, E; VENDRAMIM, J. D.; LOURENCAO, A. L.; FILHO, J. A. U.; DIAS, C. T. S. Biologia de Mahanarva fimvbriolata em gramíneas forrageiras. Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.6, p. 1043-1049, 2014.
LEMES, D. P.; BRESCIANI, D. G; A agricultura familiar no município de Juína: “uma análise de caso dos produtoes da APROFEJU”. RCA – Revista Científica da AJES, Juína. v. 01, n. 01, p. 01-15. 2010.
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus São Vicente, Mato Grosso, Brasil.
2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Campus Juína, Mato Grosso, Brasil.
*autor para correspondência: haroldo.junior@ifmt.edu.br